Oito estados enfrentam o maior déficit de chuvas desde 1980. A previsão é de chuvas abaixo da média
Apesar de outubro e novembro serem meses de transição da estação seca para a chuvosa na maior parte da Amazônia Sul, os pesquisadores do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) destacam que, neste ano, desde o mês de maio, a maior parte do oeste da Amazônia vem registrando chuvas bem abaixo da média.
A escassez de chuvas na região pode estar associada com o aquecimento observado na região sudoeste da Amazônia em consequência do inverno mais quente decorrente da atuação do fenômeno El Niño, que deve atingir sua máxima intensidade no final do ano. Já em setembro, é possível observar o impacto da seca na vegetação da região.
Os dados do Índice Integrado de Seca, elaborado pelo Cemaden e cedido com exclusividade à CNN, mostra que 689.024 km² de vegetação na região norte estão em condição seca moderada e extrema, por conta do déficit de chuvas.
Os pontos em vermelho indicam os locais onde a falta de chuvas já causa impactos na vegetação, elevando o risco de queimadas. O índice leva em consideração os volumes de chuva, condição da vegetação e umidade do solo de julho a setembro deste ano.
Dados da Organização Meteorológica Mundial (OMM), da União das Nações Unidas (ONU), mostram que em grande parte do Amazonas, Acre e Roraima, a falta de chuvas levou a umidade do solo a níveis críticos ao longo do mês de setembro.
Devido à escassez de chuvas, aumento da temperatura do ar e a consequente redução na umidade do solo, os pesquisadores registraram um aumento no número de municípios com mais de 80% de suas áreas agrícolas impactadas, em comparação com a situação registrada no final de agosto de 2023. No mês de setembro de 2023, 79 municípios apresentaram essa condição, no Amazonas, 14 municípios estão nesse cenário — alerta quanto aos focos de incêndio.
De acordo com a Defesa Civil do Amazonas, até terça-feira (3), 1.616 incêndios foram combatidos e 15.335 focos de calor foram registrados. Além do Amazonas, o estado de Roraima tem 13 que apresentaram mais do que 80% da área agro produtiva impactada. Já no estado do Acre tem 12 municípios que estão potencialmente afetados pela seca. Em entrevista à CNN, Ana Paula Cunha, pesquisadora de secas e agrometeorologia do Cemaden, alerta que as condições de agricultura devem ser agravadas nos próximos meses.
No Brasil, oito estados já registram a maior seca em quatro décadas: Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe — seis dos sete estados da Região Norte. O mapa mostra a classificação do déficit de chuvas no período de julho a setembro de 2023, levando em conta os registros de volume de chuva desde 1980. Na análise que ranqueia o período comparado à série histórica, foi observada uma anomalia de chuvas: o maior déficit já observado.
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