O Grande Recife Consórcio de Transporte informou que foi solicitado aos rodoviários que cumprissem a frota mínima de 80% dos coletivos nos horários de pico e 50% nos horários fora do pico, mas, às 6h, 27% da frota programada estava em operação. Esse percentual aumentou para 39% às 7h, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana).
Por causa disso, longas filas se formaram nos principais terminais da região. No Terminal Integrado de Camaragibe, que conta com linhas de ônibus e BRTs, aconteceu um tumulto entre os passageiros para embarcar em um coletivo, um dos poucos que chegaram ao local.
Garagens lotadas e filas por ônibus, confira impactos da greve dos rodoviários e paralisação do metrô
No Terminal Integrado da Macaxeira, na Zona Norte do Recife, a reportagem da TV Globo registrou o movimento fraco de ônibus e de passageiros no início da manhã. Isso porque, para chegar ao terminal, muitas pessoas precisam pegar outro ônibus antes.
"Disseram que ia ter ônibus no horário de pico, mas estou aqui há quase uma hora e não passou nenhum. Vou pegar um moto-táxi porque é o jeito", disse o personal trainer Thiago Lopes ao g1. Diariamente, ele sai de Igarassu, no Grande Recife, para trabalhar no bairro do Ibura, na Zona Sul da capital pernambucana.
No Terminal Integrado da Joana Bezerra, na área central do Recife, os passageiros também enfrentaram dificuldades.
"Eu vim de Olinda, da Presidente Kennedy. Passei mais de uma hora esperando o ônibus e só passou um. Eu vou para Boa Viagem, já era para estar lá, mas eu não vou conseguir chegar porque não tem nenhum ônibus", disse a passageira Ana Cristina.
Respostas
De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, para garantir o funcionamento da frota, fiscais do órgão acompanham a circulação dos ônibus e atuam na verificação da operação programada.
Em nota sobre a falta de ônibus mesmo com a determinação da circulação de 80% da frota no horário de pico, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco afirmou que:
Na madrugada desta quarta, "o Sindicato dos Rodoviários bloqueou diversas garagens das empresas de ônibus do Grande Recife, impedindo a circulação da frota e o livre exercício da atividade dos trabalhadores que não desejam participar do movimento grevista";
"A atitude descumpre as decisões liminares do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), a Lei 7.783/89 e a determinação do Grande Recife Consórcio de Transporte sobre a frota mínima em operação";
"Solicitou ao TRT-6 o julgamento do dissídio de greve e envidará todos os esforços necessários para cumprir as determinações legais e para manter o serviço de transporte público por ônibus em operação com segurança e responsabilidade".
Em entrevista à TV Globo, o presidente do sindicato dos rodoviários Aldo Lima, reforçou que a greve é por tempo indeterminado e que o sindicato pede para que a categoria continue mobilizada.
"A luta é legitima, é um direito do trabalhador e a gente não deve se curvar diante de nenhuma ameaça. A época da escravidão acabou, embora esse seja o perfil de algumas empresas de transporte daqui", disse Aldo.
De acordo com presidente, no encontro de negociação, a Urbana ofereceu R$ 7 de aumento para o ticket alimentação e R$ 11 para os trabalhadores que exercem a dupla função.
"A dupla função é um retrocesso no transporte público porque não melhorou em nada a qualidade do serviço e piorou a condição do trabalhador que hoje acumula duas funções: dirigir e cobrar. [...] Risco de assalto, violência no trânsito, é uma das profissões mais estressantes do mundo, e a gente acha que esses trabalhadores merecem ser minimamente valorizados", afirmou.
Metrô sem funcionar
No metrô, as atividades foram suspensas nas linhas Sul (elétrica e VLT) e Centro, totalizando 37 estações fechadas. Ao todo, 180 mil passageiros se deslocam pelo sistema metroviário diariamente no Grande Recife, de acordo com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU).
A CBTU afirmou que:
Lamenta a decretação de greve de 48 horas, mas respeita a decisão da categoria";
"Não poderia deixar de assistir à população, por isso deu entrada em pedido judicial para cumprimento do serviço nos horários de pico, das 5h30 às 8h30 e das 17h30 às 19h30".
Entenda o impasse
O Sindicato do Rodoviários se reuniu com a Urbana na terça-feira (25), em uma negociação comandada pelo corregedor do TRT-6, Fábio Farias, mas não houve acordo entre as partes. O Ministério Público do Trabalho de Pernambuco também estava presente na reunião.
Segundo o TRT-6, os rodoviários pediram 5% de reajuste salarial, aumento do vale-alimentação para R$ 500 e da gratificação pela dupla função exercida para R$ 200. No entanto, a Urbana ofereceu 3% de acréscimo no salário, R$ 370 de vale-refeição e R$ 150 de gratificação. Como a proposta não foi aceita, a greve foi decretada.
No caso dos metroviários, uma assembleia foi realizada na noite da terça (25) na Estação Joana Bezerra, na área central do Recife, em que ficou decidida uma paralisação de 48 horas. Segundo a categoria, é uma forma de protesto pela melhoria do transporte no Grande Recife e pela valorização dos profissionais do metrô.
Entre as reivindicações dos metroviários, presentes no Acordo Coletivo de Trabalho, estão:
Reajuste do piso salarial para R$ 2.725;
Cláusulas garantindo a estabilidade dos empregos e realocação dos funcionários para outro órgão, caso o Metrô do Recife seja privatizado;
A retirada da CBTU, pelo governo federal, do Programa Nacional de Desestatização (PND).
Fonte: g1.globo.com/pe
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