A iluminação está entre os itens que pode influenciar diretamente no metabolismo e levar a sintomas de depressão
As cores, a iluminação e a disposição dos objetos estão entre os itens relacionados à decoração de uma casa que podem ajudar na melhora, ou na piora, da saúde mental, e tal constatação ficou ainda mais evidente após a chegada da pandemia do novo coronavírus.
“Depois dessa transição grandiosa que vivemos, onde o home office passou a fazer parte da vida de um grande número de pessoas, percebeu-se a necessidade de ter espaços adequados e organizados para cada situação, visto que isso ajuda a evitar estresse e contribui para a saúde mental”, afirma o psicólogo Yuri Busin, doutor em neurociência do comportamento.
A arquiteta Renata Pocztaruk, CEO da ArqExpress, complementa: “Com a quarentena, as pessoas começaram a prestar mais atenção em suas casas. Ficou evidente que um ambiente melhora a qualidade de vida e contribui com a saúde mental. Nosso cérebro é bombardeado por inúmeras substâncias quando entramos em um novo ambiente e isso pode influenciar no funcionamento do organismo. Apenas a forma de dispor os objetos já proporciona uma grande mudança no bem-estar, contribui com o estímulo da criatividade, melhora a memória e gera novas experiências.”
Iluminação
Quando o assunto é saúde mental e decoração, a iluminação é um dos primeiros itens ao qual se deve prestar atenção. “Pesquisas demonstram que a luminosidade no ambiente interfere diretamente no metabolismo das pessoas. Constata-se que a falta de contato com a luz natural modifica a produção de alguns hormônios; esse desarranjo possibilita a alteração de humor, piora a qualidade do sono e pode levar à sintomas depressivos”, explica a arquiteta Marilice Casagrande Lass Botelho, sócia do escritório Estudiobo Arquitetura e Design e professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo (UP).
Dessa forma, Renata orienta investir em lâmpadas amarelas para trazer mais aconchego, bem como em pendentes e luminárias decorativas para uma iluminação mais intimista.
QUARTO | O quarto neutro traz pontos focais de cor com a escolha do mobiliário. A arandela é da Golden Art e complementa o espaço de apoio com mesa da Tok&Stok e cadeira da HomeLab Design. Projeto do escritório TODOS Arquitetura (Foto: Divulgação / Alexandre Disaro)
Cores
A escolha da paleta de cores também é essencial na composição do ambiente. As neutras, diz Renata, são uma boa opção quando o objetivo é tornar o espaço mais tranquilo. O vermelho, por sua vez, comenta Marilice, pode estimular o corpo, conseguindo ser aproveitado em objetos, por exemplo.
“Com alterações e aumento na pressão sanguínea e número de batimentos cardíacos, o vermelho transmite sensações de alta intensidade e confiança”, relata a professora.
Plantas
Ao se falar de saúde mental, as plantas não podem ficar de fora, visto que o contato com a natureza costuma gerar impacto quase que imediato.
“O uso de plantas afeta diretamente nossas emoções, nossa saúde física e mental, assim como nossos sentimentos. Com base nos estudos desenvolvidos pelo biólogo Edward O. Wilson, em 1984, os seres humanos, ao se aproximarem da natureza e de outros seres vivos, promovem, em uma interação direta, a sensação de bem-estar relacionada à paz e à tranquilidade. Comprovadamente, os benefícios são inúmeros, dentre eles a diminuição da frequência cardíaca e da pressão arterial”, argumenta Marilice.
O biombo espelhado, com estrutura metálica dourada, tem à frente o piano Ritmuller, em meio aos vasos de plantas. À direita, fica a gravura do artista japonês Yutak a Toyota; à esquerda, fotografia de Marcelo Magnani. Projeto de Ricardo Abreu (Foto: Renato Navarro / Divulgação)
Organização e uso adequado dos espaços
Independentemente da decoração dos ambientes, para manter a saúde mental em dia, Yuri lembra ser imprescindível manter os espaços organizados e bem delimitados, o que significa, na medida do possível, usar cada cômodo para o seu real objetivo.
“No quarto, por exemplo, não é bom ter muitos estímulos, pois prejudicam o sono, e ele deve ocorrer de maneira mais tranquila, ajudando na saúde mental”, finaliza o psicólogo.
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