Após reunião, nesta terça (189), companhia não se comprometeu a ajudar a família, de forma imediata. Kemilly Kethelyn, de 8 anos, está intubada, em hospital no Recife.


Representantes da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) se reuniram nesta terça (19) com parentes de Kemilly Kethelyn Lino da Silva, de 8 anos, que foi esmagada por uma placa de concreto do muro do metrô do Recife (veja vídeo acima). No encontro, o pai de Kemilly, o gari Francisco Lino, entregou ao superintendente da estatal, Carlos Ferreira, um pedido de apoio, mas a empresa disse que vai "avaliar" as solicitações.


O acidente aconteceu no sábado (16), durante uma festa promovida pela ONG Mão Amiga, para celebrar o Dia das Crianças. Na segunda (18), o governo entrou com uma notícia-crime contra a CBTU e acionou o Ministério Público para que a promotoria acompanhe a apuração do caso. No mesmo dia, o pai de Kemilly prestou depoimento na Delegacia do Rio Branco, no Centro da cidade.
Está foi a primeira reunião formal entre a empresa e a família da vítima, que está internada em estado grave no Hospital da Restauração (HR), no Centro da cidade. Entre as solicitações, estão transporte para que a família vá visitar a menina no hospital, assistência psicológica e uma cesta básica.
Nenhuma das solicitações foi atendida pela CBTU, de imediato. Também foi pedido que a empresa “inicie trabalhos de manutenção no muro, sob supervisão da comunidade, com a finalidade evitar outros eventos trágicos de mesma natureza”.

De acordo com a mãe da menina, a dona de casa Caroline Pereira da Silva, a criança, que está intubada, conseguiu abrir um dos olhos e apertou a mão dela.
Parentes de menina esmagada por muro do metrô do Recife se reuniram com representantes da CBTU — Foto: Reprodução/TV Globo
Parentes de menina esmagada por muro do metrô do Recife se reuniram com representantes da CBTU — Foto: Reprodução/TV Globo
A reunião ocorreu na sede da CBTU, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife. O encontro estava marcado para as 10h, mas somente por volta das 11h o superintendente chegou ao local. Às 11h30, a reunião acabou.

O pai de Kemilly foi ao local acompanhado por uma advogada e um representante da comunidade do Papelão, no Coque, local em que ocorreu o acidente. Segundo a advogada Gabriela Jordão, que representa a família de Kemilly, a empresa estatal disse que vai "analisar" os pedidos.


“Inicialmente, nós requeremos algumas coisas emergenciais, como transporte da família, que é humilde e precisa de locomoção para o Hospital da Restauração, onde a menina se encontra em tratamento. Pedimos também que houvesse atendimento psicológico, principalmente para a mãe, que está muito debilitada. Não está nem conseguindo articular frases, só faz chorar. A empresa não se prontificou de imediato a dar essa assistência”, declarou.


“O superintendente disse que pode até responder administrativamente [se liberar recursos para apoio à família]. Precisamos saber como se vai comportar o quadro dela ao longo do tempo. Ainda é muito precoce pensar em fisioterapia e outras assistências do tipo, porque ela ainda está passando por uma série de cirurgias, e a gente precisa saber o que vai acontecer para, eventualmente, solicitar da empresa”, declarou a advogada.

Segundo Marcelo Nóbrega, ouvidor da CBTU e responsável pela articulação externa da empresa, questões burocráticas impedem que sejam liberados, de imediato, recursos para auxiliar a família de Kemilly. Ele disse que pode haver uma resposta do superintendente até o fim da semana.


“A CBTU está com uma assistente social acompanhando todo o processo e pediu uma verificação no nosso muro de vedação. Quanto aos pedidos feitos, estão sendo analisados pelo nosso superintendente, por se tratar de uma empresa do governo federal, que não pode estar havendo uma liberação de qualquer forma de recursos. Vamos ver de que forma vamos poder atender a essa família. Todos nós estamos bastante sensibilizados com essa situação, é uma criança que está no hospital e foi um acidente que ninguém previa”, declarou o ouvidor.

Confira os pedidos feitos à CBTU

Transporte à disposição da família;

Cesta básica, tendo em vista que o pai trabalha na Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recite (Emlurb) e é o único provedor da família e tem mais dois filhos menores;

Assistência psicológica de escolha da família;

Início dos trabalhos de manutenção no muro, na quarta (20), sob supervisão da comunidade, com a finalidade evitar outros eventos trágicos de mesma natureza;

Criação de comitê permanente entre a CBTU e a comunidade, com reunião mensal para acompanhar a manutenção do muro, a ser realizada de forma contínua.

g1.globo.com/pe