Um sargento e três soldados foram identificados pelo boletim de ocorrência aberto na Polícia Civil sobre o caso. Liana Cirne (PT) foi agredida na Ponte Santa Isabel. Os mesmos PMs aparecem em vídeo negando socorro a homem que perdeu o olho após ser atingido por bala de borracha.
Os quatro policiais aparecem nos documentos que estão sendo investigados pela Delegacia do Bairro do Recife. Eles fazem parte do grupo de 16 PMs afastados devido à ação truculenta. Os responsáveis pelo inquérito são os delegados Kelly Luna e Breno Maia.
Na terça-feira (8), os policiais e a vereadora agredida prestaram depoimento à polícia. Ela contestou informações do governo sobre o que desencadeou a ação violenta dos PMs. O advogado Rafael Nunes, que representa os PMs, afirmou que a polícia agiu "de forma brilhante e necessária".
Os quatro policiais fazem parte do Batalhão de Radiopatrulha da Polícia Militar de Pernambuco. Imagens mostram que o número de série da viatura que estava na Ponte Santa Isabel, onde ocorreu a agressão, é o mesmo que aparece em outra imagem, quando PMs negam socorro ao adesivador de táxis Daniel Campelo, um dos atingidos no olho pela polícia.
A negativa ocorreu na Rua da Aurora, momentos depois que o trabalhador, que sequer estava na manifestação, foi atingido pelos policiais. Esses agentes de segurança são investigados por, além de agredir a vereadora, omitirem socorro a Daniel
Por outro lado, os PMs da Radiopatrulha registraram um boletim de ocorrência afirmando que agiram seguindo protocolo internacional e que a vereadora estaria incitando os manifestantes. Especialistas que analisaram a violência policial afirmaram que ação foi coordenada e que desrespeitou leis e tratado internacional.
A Polícia Civil, por meio de nota, disse que os delegados responsáveis por esse caso só irão se pronunciar no fim das investigações. Isso deve ocorrer num prazo de 30 dias, a contar da abertura do procedimento.
Investigação e afastamentos
Desde o dia do ataque aos manifestantes, o governo trocou o comando-geral da PM e o secretário de Defesa Social. Também afastou das ruas 16 PMs envolvidos na operação, sendo três oficiais e 13 praças. Os oficiais foram identificados como o tenente Tiago Carvalho da Silva e o capitão Élton Máximo de Macedo, do Batalhão de Choque, e o major Gilson Monteiro da Silva, do 13° Batalhão.
A Secretaria Defesa Social (SDS) afirmou que não pode revelar os nomes dos afastados, por causa de uma lei de 2020 que proíbe a divulgação de envolvidos em processos.
Ainda segundo a secretaria, as armas usadas pelos policiais não foram periciadas porque têm cano com a parte interna lisa, o que impossibilita a realização de perícia técnica. O governo do estado não explicou quem autorizou os disparos e alegou que isso é alvo das investigações.
A Corregedoria da SDS também investiga a omissão de socorro a Daniel Campelo. Além disso, o Ministério Público de Pernambuco abriu um inquérito civil sobre a ação truculenta da PM. O policial responsável pelo tiro que atingiu Jonas Correia foi afastado disciplinarmente pela Corregedoria.
0 Comentários
A sua mensagem foi recebida com sucesso!