Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Sipa via AP Images
A morte de Bruno Covas foi lamentada entre políticos de diferentes partidos, que exaltaram sua força na luta pela vida. O prefeito licenciado de São Paulo estava internado no hospital Sírio-Libanês e, na manhã deste domingo (16), não resistiu às complicações de um câncer na cárdia, que fica na transição entre estômago e esôfago, diagnosticado em 2019.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), publicou uma extensa carta em que agradeceu Covas por ter sido seu vice na Prefeitura de São Paulo, entre 2017 e 2018, e elogiou seu desempenho na vida política. "Sua garra nos inspira e seu trabalho nos motiva", escreveu o tucano, chamando o amigo de "eterno exemplo".
"Bruno Covas era sensível, sereno, correto, racional, pragmático e ponderado. Voz sensata, sorriso largo e bom coração. Bruno Covas era esperança. E a esperança não morre: ela segue, com fé, nas lições que ele nos ofereceu em sua vida", complementou Doria.
Guilherme Boulos (PSOL), que disputou com Covas o segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, em 2020, recebeu a notícia com consternação: "Lamento muito a morte do prefeito Bruno Covas. Tivemos uma convivência franca e democrática. Minha solidariedade aos seus familiares e amigos neste momento difícil. Vá em paz, Bruno!".
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (DEM), ressaltou a capacidade de Bruno Covas como administrador de São Paulo: "Meus sentimentos em nome dos cariocas a todos os paulistanos pela morte do prefeito Bruno Covas. Bruno foi um exemplo de homem público e gestor que continuará sendo seguido. Meu carinho especial a família e aos amigos próximos. Que Deus possa confortar seus corações".
O vereador e ex-senador Eduardo Suplicy (PT-SP) publicou uma foto com Bruno Covas e enviou uma mensagem de afeto ao filho do: "Em homenagem à dedicação que Bruno Covas sempre mostrou pela cidade de São Paulo, vamos todos realizar um esforço para fazer desta cidade um exemplo de realização de justiça, solidariedade e dignidade para todos as paulistanas e paulistanos".
Carreira política dedicada ao PSDB
Bruno Covas Lopes nasceu em Santos, no litoral de São Paulo e se mudou para a capital paulista em 1995, onde cursou direito na USP e economia na PUC-SP.
Foi eleito vice-prefeito de São Paulo em 2016, assumindo a gestão em 2018, com a saída do então prefeito João Doria (PSDB), hoje governador de São Paulo.
Mas a vida política para Covas começou bem antes do comando da prefeitura da capital paulista. Aos 17 anos de idade, em 1997, ele filiou-se ao PSDB, partido pelo qual se dedicou durante toda a vida pública.
Tinha grande influência do avô Mario Covas, ex-governardor de São Paulo, afastado do cargo por um câncer e morto em 2001.
Aos 23, no ano de 2003, Covas já havia assumido a presidência estadual da Juventude do partido. Em 2004, foi candidato a vice-prefeito de Santos. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual e foi reeleito em 2010 com a maior votação do estado, à época.
No mesmo período, tornou-se presidente nacional da Juventude do PSDB.
No ano seguinte, em 2011, assumiu a Secretaria do Meio Ambiente do governo do estado de São Paulo, à frente da qual permanece até 2014, ano em que foi eleito deputado federal.
Reeleição em São Paulo
Em 2020, Bruno Covas foi reeleito prefeito de São Paulo com 59,38% dos votos válidos, derrotando o candidato Guilherme Boulos (PSOL). Em meio ao tratamento do câncer, ele tomou posse em 1º de janeiro de 2021, tendo como vice o vereador Ricardo Nunes (MDB).
O vice-prefeito, que agora assumirá o cargo com a morte de Covas, fez poucas aparições durante a campanha. Vereador pelo MDB, Nunes possui suspeitas que pesam contra ele como suas relações com as creches conveniadas e o registro de violência doméstica feito em 2011 pela esposa de Nunes
Covas foi reeleito com amplo leque de alianças políticas, formando coligação que engloba onze partidos (PSDB, MDB, PP, Podemos, PSC, PL, Cidadania, DEM, PTC, PV e PROS).
Internado pela primeira vez em 2019
O prefeito da capital foi internado pela primeira vez em outubro de 2019, quando chegou ao hospital com erisipela (infecção), que evoluiu para trombose venosa profunda (coágulos) na perna direita. Os coágulos subiram para o pulmão, causando o que é chamado de embolia.
Durante os exames para localizar os coágulos, médicos detectaram o câncer na cárdia, região entre o esôfago e o estômago, com metástase no fígado e nos linfonodos.
Covas passou por oito sessões de quimioterapia que fizeram com que o tumor regredisse. Mas, segundo a equipe médica, não foram suficientes para vencer o câncer. Após novos exames, o prefeito iniciou o tratamento com imunoterapia.
Em janeiro de 2021, após ser reeleito nas eleições municipais e continuar no cargo, Covas anunciou uma nova fase de procedimentos no combate à doença.
Ele tirou uma licença de 10 dias, quando passou a ser submetido a sessões de radioterapia. Na época, estavam previstas 24 sessões de radioterapia complementares para o tratamento.
Lesões no fígado e nos gânglios linfáticos
Além do tumor na transição entre o esôfago e o estômago, Covas possuia pequenas lesões no fígado e nos gânglios linfáticos. Isso se deve a um processo denominado metástase, que se caracteriza pela migração de células do tumor para outras partes do corpo.
Em 2019, de acordo com os médicos da equipe que cuidou do prefeito, a doença foi traiçoeira, porque não havia sintoma no local.
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