Fernando Henrique Cardoso, outro ex-presidente a participar do evento do Dia do Trabalhador, adotou tom mais contido, sem referências ao atual governo
Um evento virtual em celebração ao Dia do Trabalhador realizado neste sábado, 1º de maio, reuniu três ex-presidentes e futuros candidatos ao pleito de 2022, e representou uma espécie de união de forças contra o governo de Jair Bolsonaro. A live, produzida por centrais sindicais, durou pouco mais de três horas e teve como bandeiras a defesa da democracia e o combate aos efeitos sociais e econômicos da pandemia, sempre com duras críticas ao atual presidente.
“O Brasil está sendo devastado pelo governo do ódio e da incompetência”, afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em trecho de seu discurso. Ciro Gomes (PDT), um dos principais nomes da chamada “terceira via” para 2022 definiu este como “o pior momento da história brasileira”. Tanto Lula quanto Ciro enviaram vídeos bem produzidos e editados, já em clima eleitoral. Os outros participantes adotaram tom mais informal.
Fernando Henrique Cardoso foi primeiro ex-presidente a discursar. O tucano tocou especialmente na questão econômica .“É fundamental hoje nós pensarmos nos trabalhadores porque há muito desemprego no Brasil. Eu diria que a questão fundamental no Brasil hoje é reabrir a economia de modo tal que ela possa permitir que tenhamos trabalho, renda, para as nossas famílias”, discursou, sem qualquer menção direta a Bolsonaro. Um dos temas mais abordados na transmissão foi a necessidade de manter o auxílio emergencial de ao menos 600 reais até o fim da pandemia.
A ex-presidente Dilma Rousseff, que deixou o governo em 2016 após sofrer um impeachment, também ressaltou a situação dos trabalhadores. “O altíssimo desemprego e as infames condições de trabalho, precário e intermitente, legados da reforma trabalhista, aliados ao desleixo do governo no comando da pandemia são responsáveis por produzir os níveis devastadores de fome, miséria e mortes”, afirmou a petista.
Dilma fez referências à possível candidatura de Lula em 2022 e afirmou que “reconhecimento da inocência” do ex-presidente” manifesta a força da esperança e abre uma forte e promissora perspectiva para a luta e organização do povo brasileiro”. Lula também tratou de economia para atacar Bolsonaro. “Nos últimos anos andamos para trás, a economia brasileira encolheu e é 7% menor em relação a 2014. Já estivemos nas sete maiores economias, mas hoje descemos ladeira a baixo e somos a 12ª.”
Ciro Gomes, por sua vez, não poupou alfinetadas às pretensões de Lula, ainda que sem citar o nome do antigo aliado. “Só sairemos mais rápido dessa tragédia se todos nos unirmos na busca das melhores soluções para o Brasil. Não podemos nos enganar, só chegamos ao ponto em que chegamos porque os sucessivos fracassos de modelo econômico, modelo político e práticas morais nos arrastaram para essa tragédia odienta chamada bolsonarismo.”
Guilherme Boulos (Psol) focou suas críticas a Bolsonaro, de quem defendeu o impeachment. “O povo não aguenta sangrar até 2022. Assim que for possível, nós vamos encher as ruas do Brasil para poder derrotar, de uma vez por todas, esse governo genocida” disse.“Esse é um momento em que a gente precisa unir todas as forças progressistas do País para colocar fim a esse pesadelo”.
O deputado Paulinho da Força, presidente nacional do Solidariedade, pregou união entre “partidos de esquerda, centro e até a direita civilizada” para derrotar Bolsonaro. “Juntar essas forças para que a gente enfrente o bolsonarismo e consiga ganhar as eleições de 2022”, disse. Os líderes sindicais se uniram ao coro contra o presidente.
O evento foi organizado pela CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, Intersindical, Pública e CGTB e foi realizado de forma virtual pela segunda vez. Possível candidato do PSDB para 2022, o governador de São Paulo, Joao Doria, chegou a enviar um vídeo para o evento, mas teve sua participação vetada pela CUT.
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