Marcelo Ribeiro, 38 anos, não tinha amigos no prédio e não socializava com vizinhos. Ele evitava contato, inclusive, nas áreas comuns
Após matar os próprios pais e esfaquear a irmã, Marcelo Ribeiro Gonçalves Ferreira, 38 anos, estava imóvel quando os primeiros policiais militares chegaram o local da tragédia. Em uma espécie de transe e prostrado em um sofá com mãos e pés ensanguentados, não esboçou qualquer reação ao ser colocado em uma maca e levado para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
Banhado em sangue, o apartamento, em um prédio de Águas Claras, foi palco da morte de Leila Ribeiro Gonçalves Ferreira, 71, e Rubem Luiz Correa Ferreira, 73. O duplo homicídio aconteceu por volta das 10h30 dessa quarta-feira (25/2), no Edifício Atrium, na Rua 19 Sul.
Sem qualquer dúvida sobre a autoria do crime, o homem foi indiciado por duplo homicídio, mas investigadores da 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul) ainda procuram respostas para a motivação da barbárie. As buscas se concentram em prontuários e históricos médico e psiquiátrico que confirmem o quadro de doença esquizofrênica do suspeito. Os policiais também analisam imagens registradas por câmeras do circuito interno de segurança do edifício.
Nesta quinta-feira (25/2), Marcelo deve passar por audiência de custódia na Justiça. O Metrópoles apurou que o homem passou boa parte de sua vida morando com os pais, em Goiânia (GO), e teria se mudado há pouco tempo para o Distrito Federal a fim de tocar a vida de forma mais independente. Com capital social de R$ 1 mil, Marcelo tinha uma microempresa. Ele atuava no ramo varejista de suvenires, bijuterias e artesanato. O empreendimento permanece ativa no site da Receita Federal.
Solitário
A informação apurada pela polícia era que Marcelo não tinha amigos no prédio e não socializava com vizinhos. De acordo com alguns moradores, ele evitava contato, inclusive, nas áreas comuns. Um dia antes do crime, ele havia passado mal em um supermercado e chegou a receber passagem cardíaca de uma enfermeira após ter dificuldade para respirar.
Os pais, que ainda moravam em Goiânia, haviam pedido aos porteiros para que fossem avisados caso o filho ficasse alterado. Eles vieram para Águas Claras visitar o filho e também tinham a intenção de comprar um imóvel para Marcelo. Agora, peritos do Instituto de Criminalísticas (IC) traçam a dinâmica de como ocorreu o crime.
Marcelo permanece internado no HRT sob escolta policial. Existe a possibilidade de ele ser transferido para a carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE), ao lado do Parque da Cidade.
“Fiquei em choque”
Funcionários do prédio foram os primeiros a chegar à cena do crime. “Eu entrei, vi aquela cena. Fiquei em estado de choque. Ele não falou nada, também não consegui perguntar. Saí e chamei a polícia”, contou um deles ao Metrópoles.
O empregado do prédio contou que os pais chegaram ao apartamento ontem, após o filho passar mal em um supermercado. No meio da manhã, a irmã do acusado desceu correndo, com um corte abaixo da axila, pedindo ajuda. “Ela dizia que ele (o irmão) mataria o pai e a mãe. Pediu socorro”, contou.
Segundo a testemunha, a irmã foi a primeira a ser atingida pelas facadas. Assim que recebeu o golpe, ela saiu correndo para pedir ajuda. Quando os funcionários subiram na quitinete de Marcelo, o encontraram deitado no sofá, paralisado. A faca usada no crime ficou cravada no pescoço do pai.
0 Comentários
A sua mensagem foi recebida com sucesso!