Segundo balanço divulgado na noite desta quinta-feira (24), dez municípios foram atingidos pelo destastre ambiental.
Voluntários recolheram óleo no mar, na praia do Janga, em Paulista, no Grande Recife, nesta quarta-feira (23) — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
m oito dias, 1.358 toneladas de óleo foram recolhidas das praias do litoral de Pernambuco. As informações foram repassadas por meio de nota pelo governo do estado, na noite desta quinta-feira (24).
Manchas de óleo no Nordeste: o que se sabe sobre o problema
Lista de praias atingidas pelas manchas de óleo no Nordeste
Petróleo tem substâncias que trazem riscos à saúde
O volume, que mistura óleo e areia, começou a ser contabilizado na quinta-feira (17), quando as manchas atingiram São José da Coroa Grande, no Litoral Sul. O município teve reconhecido o pelo governo federal o decreto de situação de emergência.
Nesta quinta (24), as manchas de óleo foram localizadas em oito praias e um estuário, segundo balanço do governo. O estado informou que eram fragmentos de pequenas proporções.
Foram afetadas as seguintes localidades: Jaguaribe, Pilar e Enseada dos Golfinhos, em Itamaracá; Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho; e Nossa Senhora do Ó, em Paulista, no Litoral Norte (veja vídeo abaixo).
Óleo invade praias do litoral Norte de Pernambuco
Desde o início do registro do desastre ambiental em Pernambuco, o governo diz que 28 praias foram atingidas, em dez municípios.
São duas em Tamandaré, uma em Barreiros, cinco em Sirinhaém; quatro em Ipojuca; uma em Rio Formoso; sete no Cabo de Santo Agostinho; uma em Jaboatão dos Guararapes; uma em São José da Coroa Grande; três em Paulista e três na Ilha de Itamaracá.
Todo o material, informou o governo, foi entregue ao Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, em Igarassu, no Grande Recife. Lá, os resíduos são transformados em combustível para indústrias de cimento.
Material
Ainda de acordo com o estado, 400 pessoas de diversos órgãos estaduais, além de 90 detentos, participam dos trabalhos de remoção, contenção e prevenção. Foram implantados 2.145 metros de barreiras de contenção em diversas praias e rios atingidos.
Na operação, foram usados três helicópteros, sendo um da Secretaria de Defesa Social, um da Marinha e um do Ibama; uma aeronave do Ibama; 51 viaturas do governo estadual e das Forças Armadas e dez embarcações do estado e três barcos da Marinha.
A administração estadual informou, ainda, que, desde o início da operação, entregou 17.250 máscaras, 12.140 pares de luvas, 3.211 pares de botas, 6.368 sacos de ráfia, 1.366 tambores e bombonas, 5.866 sacos plásticos, 7.565 big bags, além de alimentos, estopa, pás, baldes, ciscadores e protetor solar.
Coleta de água
O estado informou, por meio da nota, que teve início, nesta quinta (24), a coleta de amostras de água das praias atingidas. O objetivo é verificar se existe presença de hidrocarbonetos, compostos orgânicos presentes no petróleo e que, em grandes concentrações, podem causar danos à saúde.
Todo material recolhido será encaminhado para análise no laboratório Organomar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que fechou uma parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para fazer os estudos.
A coleta aconteceu nas praias do Paiva, São José da Coroa Grande, Tamandaré, Carneiros, Maracaípe, Muro Alto, Suape, Itapuama, Gaibú e Pedra do Xaréu.
O trabalho é feito por profissionais do laboratório da CPRH, com o apoio dos professores do departamento de Oceanografia da UFPE Gilvan Yogui e Eliete Lamardo, especialistas em poluição marinha por petróleo.
A amostra é composta por cerca de um litro de água, coletada no mar a uma distância de, no mínimo, 500 metros da outra. Na sexta-feira (25), a ação deve acontecer nas praias do Janga e Pau Amarelo, em Paulista, além do município de Itamaracá, de acordo com o governo.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, esse tipo de análise permite conferir se existe resquício de contaminação que, porventura, possa ter ficado nas praias, embora o volume de água do oceano favoreça um grau de diluição muito grande para a quantidade que chegou às areias pernambucanas.
Intoxicação
Pessoas que ajudaram a remover o óleo encontrado nas praias de Pernambuco relataram ter sentido diversos sintomas após o contato com a substância (veja vídeo acima).
Ao menos 17 foram socorridas a um hospital de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, relatando dor de cabeça, enjoo, vômitos, erupções e pontos vermelhos na pele. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, há outros dois casos relatados em Ipojuca, no Grande Recife.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quinta-feira (24) que pessoas intoxicadas durante o trabalho de limpeza do óleo em praias do Nordeste usaram produtos tóxicos para limpar o petróleo cru que grudou na pele.
Mandetta pediu que população evite contato direto e indireto com o petróleo cru, mas atribuiu problemas de saúde às soluções para retirar o óleo da pele.
Ao G1, os voluntários entrevistados negaram o uso de produtos tóxicos. O diretor-clínico do Hospital Osmina Omena de Oliveira, em São José da Coroa Grande, Marcello Neves, afirmou que “em nenhum momento foi relatado o uso de qualquer substância, além de óleo de cozinha ou água e sabão”.
Vídeo mostra óleo sedimentado e submerso em meio a recifes em Pernambuco
Limpeza
Dias depois da limpeza do óleo que atingiu a Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, blocos da substância foram encontrados sedimentados dentro da água, no fundo, em meio a recifes (veja vídeo acima).
Um pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) registrou o material próximo a corais e peixes.
As imagens foram feitas na quarta-feira (23), pelo oceanógrafo Paulo Carvalho. O óleo chegou à Praia do Paiva na segunda-feira (21).
Mergulhadores começaram, nesta quinta, a fazer um pente-fino para remover todos os resíduos no fundo do mar, na praia do Cupe, em Ipojuca. O grupo é formado por pessoas que dependem do turismo e estão preocupadas com a limpeza dos corais.
Óleo em Pernambuco
Na quarta-feira, representantes de 15 prefeituras se reuniram com o governo estadual para planejar ações de prevenção e contenção do óleo.
Também na quarta, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou um edital de R$ 2,5 milhões para 12 projetos de pesquisa para analisar a toxicidade do petróleo e seus efeitos na água, ecossistema e alimentação.
Especialistas afirmam que o impacto do óleo no meio ambiente vai durar décadas, com prejuízo para espécies marinhas, para toda a cadeia alimentar e para os seres humanos.
Além do recobrimento de praias, arrecifes, mangues e solos rochosos, que são difíceis de serem limpos, os fragmentos se decompõem e há moléculas nocivas ao ecossistema e à fauna.
g1.globo.com/pe
Voluntários recolheram óleo no mar, na praia do Janga, em Paulista, no Grande Recife, nesta quarta-feira (23) — Foto: Marlon Costa/Pernambuco Press
Manchas de óleo no Nordeste: o que se sabe sobre o problema
Lista de praias atingidas pelas manchas de óleo no Nordeste
Petróleo tem substâncias que trazem riscos à saúde
O volume, que mistura óleo e areia, começou a ser contabilizado na quinta-feira (17), quando as manchas atingiram São José da Coroa Grande, no Litoral Sul. O município teve reconhecido o pelo governo federal o decreto de situação de emergência.
Nesta quinta (24), as manchas de óleo foram localizadas em oito praias e um estuário, segundo balanço do governo. O estado informou que eram fragmentos de pequenas proporções.
Foram afetadas as seguintes localidades: Jaguaribe, Pilar e Enseada dos Golfinhos, em Itamaracá; Gaibu, no Cabo de Santo Agostinho; e Nossa Senhora do Ó, em Paulista, no Litoral Norte (veja vídeo abaixo).
Desde o início do registro do desastre ambiental em Pernambuco, o governo diz que 28 praias foram atingidas, em dez municípios.
São duas em Tamandaré, uma em Barreiros, cinco em Sirinhaém; quatro em Ipojuca; uma em Rio Formoso; sete no Cabo de Santo Agostinho; uma em Jaboatão dos Guararapes; uma em São José da Coroa Grande; três em Paulista e três na Ilha de Itamaracá.
Todo o material, informou o governo, foi entregue ao Centro de Tratamento de Resíduos Pernambuco, em Igarassu, no Grande Recife. Lá, os resíduos são transformados em combustível para indústrias de cimento.
Material
Ainda de acordo com o estado, 400 pessoas de diversos órgãos estaduais, além de 90 detentos, participam dos trabalhos de remoção, contenção e prevenção. Foram implantados 2.145 metros de barreiras de contenção em diversas praias e rios atingidos.
Na operação, foram usados três helicópteros, sendo um da Secretaria de Defesa Social, um da Marinha e um do Ibama; uma aeronave do Ibama; 51 viaturas do governo estadual e das Forças Armadas e dez embarcações do estado e três barcos da Marinha.
Coleta de água
O estado informou, por meio da nota, que teve início, nesta quinta (24), a coleta de amostras de água das praias atingidas. O objetivo é verificar se existe presença de hidrocarbonetos, compostos orgânicos presentes no petróleo e que, em grandes concentrações, podem causar danos à saúde.
Todo material recolhido será encaminhado para análise no laboratório Organomar, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que fechou uma parceria com a Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH) para fazer os estudos.
A coleta aconteceu nas praias do Paiva, São José da Coroa Grande, Tamandaré, Carneiros, Maracaípe, Muro Alto, Suape, Itapuama, Gaibú e Pedra do Xaréu.
O trabalho é feito por profissionais do laboratório da CPRH, com o apoio dos professores do departamento de Oceanografia da UFPE Gilvan Yogui e Eliete Lamardo, especialistas em poluição marinha por petróleo.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade, José Bertotti, esse tipo de análise permite conferir se existe resquício de contaminação que, porventura, possa ter ficado nas praias, embora o volume de água do oceano favoreça um grau de diluição muito grande para a quantidade que chegou às areias pernambucanas.
Intoxicação
Pessoas que ajudaram a remover o óleo encontrado nas praias de Pernambuco relataram ter sentido diversos sintomas após o contato com a substância (veja vídeo acima).
Ao menos 17 foram socorridas a um hospital de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul, relatando dor de cabeça, enjoo, vômitos, erupções e pontos vermelhos na pele. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, há outros dois casos relatados em Ipojuca, no Grande Recife.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse nesta quinta-feira (24) que pessoas intoxicadas durante o trabalho de limpeza do óleo em praias do Nordeste usaram produtos tóxicos para limpar o petróleo cru que grudou na pele.
Mandetta pediu que população evite contato direto e indireto com o petróleo cru, mas atribuiu problemas de saúde às soluções para retirar o óleo da pele.
Ao G1, os voluntários entrevistados negaram o uso de produtos tóxicos. O diretor-clínico do Hospital Osmina Omena de Oliveira, em São José da Coroa Grande, Marcello Neves, afirmou que “em nenhum momento foi relatado o uso de qualquer substância, além de óleo de cozinha ou água e sabão”.
Vídeo mostra óleo sedimentado e submerso em meio a recifes em Pernambuco
Limpeza
Dias depois da limpeza do óleo que atingiu a Praia do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, blocos da substância foram encontrados sedimentados dentro da água, no fundo, em meio a recifes (veja vídeo acima).
Um pesquisador do Departamento de Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) registrou o material próximo a corais e peixes.
As imagens foram feitas na quarta-feira (23), pelo oceanógrafo Paulo Carvalho. O óleo chegou à Praia do Paiva na segunda-feira (21).
Mergulhadores começaram, nesta quinta, a fazer um pente-fino para remover todos os resíduos no fundo do mar, na praia do Cupe, em Ipojuca. O grupo é formado por pessoas que dependem do turismo e estão preocupadas com a limpeza dos corais.
Na quarta-feira, representantes de 15 prefeituras se reuniram com o governo estadual para planejar ações de prevenção e contenção do óleo.
Também na quarta, o governador Paulo Câmara (PSB) anunciou um edital de R$ 2,5 milhões para 12 projetos de pesquisa para analisar a toxicidade do petróleo e seus efeitos na água, ecossistema e alimentação.
Especialistas afirmam que o impacto do óleo no meio ambiente vai durar décadas, com prejuízo para espécies marinhas, para toda a cadeia alimentar e para os seres humanos.
Além do recobrimento de praias, arrecifes, mangues e solos rochosos, que são difíceis de serem limpos, os fragmentos se decompõem e há moléculas nocivas ao ecossistema e à fauna.
g1.globo.com/pe
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