“Oxe, né lasca? Mai pronto, agora deu. Deixa dos teu queijo e vem timbora, tabacudo”. Se essas frases não fizeram nenhum sentido pra você, deve ser porque não mora no Recife e não tem amigos daqui. Mas por mais estranhas que pareçam à primeira vista, pode ficar tranquilo: depois de uns dias por aqui, as gírias recifenses provavelmente vão encontrar espaço no seu vocabulário.

E que coisa linda é essa diversidade linguística do nosso Brasilzão, né? Não vamos entrar em quiproquós como o dilema bolacha x biscoito, mas acho massa chegar num lugar novo e descobrir novas formas de expressar as mesmas coisas, além daquelas palavras tão específicas que mal encontram tradução.

Ah, e uma dica: se você tá vindo pra as bandas de cá e quer conquistar a afeição dos meus conterrâneos, aprender as gírias recifenses é meio caminho andado. ;)

Aproveitei que o VisitRecife lançou um “Dicionário Arretado” reunindo explicações pra várias pérolas do nosso vocabulário, pra apresentar aqui algumas das gírias recifenses/pernambucanas mais comuns, presentes no material deles, e mais algumas. Daqui pra o fim desse post, acho bom tu ficar fluente, visse?
gírias recifenses

Dicionário de gírias recifenses
Abestalhado: bobo
Afolosado: frouxo
Agoniado: inquieto, nervoso
A pulso: na marra
Arregar dos outros: se aproveitar
Arretado: algo muito bom ou alguém com raiva
Bacurau: último ônibus a passar à noite
Bicado: bêbado
Bizu: dica
Bote fé: expressão de concordância
Botar os bofes pra fora: vomitar
Borocoxô: triste, desanimado
Cabuloso: pessoa chata
Cambitos: pernas finas
Cheguei: de cores berrantes
De rosca: algo que está demorando, difícil de ser concluído
Dispense: deixe disso, pare com isso
Diadema: tiara
Pala: mentira, conversa mole
Farda: uniforme escolar
Fazer o balão: dar a volta com o carro, retornar
Frouxo: medroso
Fuleiro: de má qualidade (objeto), ou que não cumpre o que promete/não é confiável (pessoa)
Gazear: “matar” aula
Gréia: zoação, brincadeira
Guela: garganta
Iapôis: concordância
Inhaca: mau cheiro
Invocado: com raiva
Jegue: sem estilo, brega
Lavrar/dar o lavra: sair
Leso: bobo
Liso: sem dinheiro
Malamanhado: desarrumado
Mangar: zombar de alguém
Maneiro: leve, sem peso
Massa: muito legal
Mermão: contração de “meu irmão”
Morgado: monótono, desanimado
Munganga: palhaçada
Muriçoca: pernilongo
Pantim: frescura, mimimi
Pala: mentira, enrolação
Parêia: amigo, camarada
Peba: coisa de má qualidade
Pitó: elástico de cabelo
Pitoco: botão
Pirangueiro: pão duro
Queijo/queijudo: frescura/frescurento
Sargaço: algas marinhas
Se lascar: se dar mal
Tabacudo: bobo, besta, idiota
Torar aço: ter medo
Toró: chuva forte
Tribufu: pessoa feia
Virado no mói de cuento: pessoa agitada ou alterada, com raiva
Visse?: viu?
Vou chegar: vou embora (sim, somos estranhos)
Xexêro: pessoa que não paga o que deve
E tu, conterrâneo: tem outras expressões típicas do Recife pra acrescentar a essa lista? E tu, forasteiro: encontrou expressões que também são usadas na tua terra?

Se quiser se aprofundar nesse idioma, leia também a versão completa do Dicionário Arretado. E pra saber o que fazer por aqui, confira os posts aqui do blog sobre turismo em Pernambuco e as dicas de roteiros e atrações 
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