Acompanhamento nas redes sociais permitiu aos investigadores identificar possíveis crimes eleitorais e incitação a homicídio


A Polícia Federal (PF) desencadeou, nesta quarta-feira (24/10), a Operação Olhos de Lince, com o intuito de coibir transgressões relacionadas às eleições de 2018. Equipes realizam, em seis estados, nove ações simultâneas referentes a crimes de violação do sigilo do voto e de incitação a homicídio.
De acordo com o delegado federal do Serviço de Operações Especiais, Flávio Coca, os mandados de busca e apreensão ocorrem em municípios de São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Uberlândia (MG) e Caxias do Sul (RS). Alguns dos termos circunstanciados de ocorrência foram lavrados nas cidades de Juiz de Fora (MG), Varginha (MG), Recife (PE) e Caxias do Sul (RS).
Conforme informou o responsável pela investigação, nem todos os municípios podem ser revelados, pois há regiões consideradas pequenas e, diante disso, os alvos intimados poderiam ser identificados pela população. Segundo a PF, também estão sendo arroladas para depoimentos pessoas em Nova Iguaçu (RJ) e no estado do Pará.
Os casos apurados, informou o policial, envolvem denúncias sobre ataques a candidatos ao Palácio do Planalto e a eleitores dos dois concorrentes. Os alvos da operação foram intimidados e são investigados por disseminar ameaças aos presidenciáveis Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Coca destacou que houve denúncia de ameaça de morte a candidato e ataques contra eleitores dos respectivos postulantes.
“Alguns casos são denúncias que chegam para nós. Nós monitoramos determinadas situações, porque começaram a surgir ameaças a candidatos na internet, ou a eleitores de candidatos A ou B e isso é crime. As pessoas se enganam achando que na internet estão anônimas. A polícia vai buscar, sim! A pessoa não pode se iludir e achar que atrás de um computador pode praticar incitação de crime e vai ficar impune”, destacou o delegado da PF.
As ações fazem parte das atividades realizadas pelo Centro Integrado de Comando e Controle Eleitoral e são resultado do trabalho desenvolvido pela PF no acompanhamento das redes sociais com o objetivo de identificar e de evitar possíveis crimes eleitorais e ameaças aos candidatos que concorrem ao pleito.
Para a identificação dos investigados, foram utilizadas técnicas de reconhecimento facial, que por meio de critérios científicos permitem a realização de análises e comparações das características faciais, como cicatrizes, manchas e proporções, possibilitando a identificação precisa dos suspeitos.
“Mediante o exame prosopográfico, nós conseguimos identificar essa pessoa. Não somente por meio da face, mas também pela mão”, explicou Flávio Coca. Os policiais iniciaram a apuração a partir de vídeos e fotos dos investigados no momento da votação do primeiro turno das eleições.
O delegado disse ainda que o caso polêmico no qual um eleitor aparece em um vídeo votando com uma arma já foi solucionado na última semana. Portanto, esse fato não está mais sob investigação. Conforme a conclusão da diligência dos investigadores, o revóver era falso.
www.metropoles.com/brasil/eleicoes-2018