Delegada austera, Gleide Ângelo é só orgulho quando assunto são os filhos
Mãe de dois jovens, delegada não esmorece nos cuidados com eles.
Para ela, desafio da profissão é contar a outras mães sobre morte de filhos. 




NOME NA URNA: Delegada Gleide Angelo

SEXO: Feminino

IDADE: 52 anos

DATA DE NASCIMENTO: 07/10/1966

OCUPAÇÃO: Servidor Público Estadual

GRAU DE INSTRUÇÃO: Superior completo

ESTADO CIVIL: Casado(a)

COR/RAÇA: Branca

MUNICÍPIO DE NASCIMENTO: Recife-PE




‘Mainha, a senhora é tão colorida!’, disse, certa vez, Luiz Eduardo, de 20 anos. ‘O que é isso de só usar branco e bege, minha filha? Você está viva!’, escutou, determinado dia, Maria Eduarda, de 18 anos. Os dois irmãos são filhos de uma pernambucana de 49 anos que não passa despercebida por onde anda. Conhecida tanto por combinar no mesmo visual diferentes cores vibrantes quanto por desvendar casos de homicídio de grande repercussão no estado, a delegada Gleide Ângelo tem uma terceira marca registrada que apenas os mais próximos conhecem: o cuidado extremo com os dois filhos.


“Eu vivo a violência o dia todo e conheço a realidade nua e crua desta vida, então me preocupo muito mais com o que acontece neste mundo e pode atingir meus filhos”, explica a delegada, que, em oito anos, já passou pela unidade de Roubos e Furtos, Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e trabalha atualmente na Delegacia de Homicídios de Olinda. “Eu não sou muito boazinha, pois coloco limites mesmo e mostro que eles não podem fazer tudo. Educar não envolve só a parte boa, é preciso colocar regras. Criar é dar amor, mas também limites”, sentencia Gleide.

Ela faz questão de conhecer todos os amigos de ‘Duduzinho e Duduzinha’, como se refere carinhosamente aos filhos. “No meu trabalho, eu vejo muita gente que se perde por conta de amizades, então toda mãe tem que se preocupar com as amizades do filho. Lá em casa, eu faço o verdadeiro censo: quero saber onde os pais trabalham, o que fazem os irmãos. Conheço todos os amigos deles e faço questão de trazê-los para dentro de casa. No mundo violento como este, temos que orientar os filhos sempre e ter bastante atenção”, conta.

Após perder a mãe para um câncer de mama quando tinha 12 anos e ser criada junto com os dois irmãos com a ajuda dos vizinhos enquanto o pai trabalhava, fica fácil compreender toda essa importância que Gleide confere à família. E não apenas à sua. “Quando eu desvendo um crime, chamo, antes de tudo, a família. Antes de qualquer coletiva para a imprensa, eu ligo para informar os pais da vítima, pois tenho muito respeito à dor da perda de um filho. Nós da polícia somos seres humanos, não somos máquinas ou robôs”, ressalta a delegada.


Exatamente por essa sensibilidade com o sofrimento alheio que alguns crimes os quais investigou não saem da memória de Gleide. “Em um plantão meu, um rapaz estuprou e matou uma menina de 7 anos em Palmares [Mata Sul do estado]. Quando eu vi o corpo no local, me tremi toda e passei mal, pois eu tenho uma filha. Perder um filho deve ser uma dor que não tem tamanho, não deve haver nada no mundo para mensurar. Por isso, me empenhei mais ainda para prendermos o responsável, o que fizemos no mesmo dia. Nesses crimes absurdos, não podemos deixar de nos indignar, pois temos que dar uma resposta mais do que urgente para a sociedade”, enfatiza.

Mãe orgulhosa
O respeito que os filhos também possuem com os que estão à volta é um dos motivos de orgulho para Gleide. “O que me deixa muito orgulhosa é notar o caráter deles, pois os filhos são uma extensão da gente. Eles não mentem, não querem enganar ninguém e dão muito valor à amizade, à família, ao respeito ao próximo, esses valores estão bem formados dentro deles”, revela a delegada, que considera a maternidade algo intraduzível. “Ser mãe é uma bênção, é uma dimensão sagrada, é ter um amor maior que tudo”, arrisca uma tentativa de definição.

Graduada em Administração e Direito, Gleide também não não esconde o orgulho ao comentar que os filhos herdaram o seu comprometimento com os estudos. “Foi algo que meu pai me ensinou: para quem não nasceu rico, o caminho são os livros”, ela costuma dizer ao primogênito, que estuda Engenharia da Computação na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), e à caçula, que cursa Direito na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), no Recife. “A única coisa que eu desejo é que eles escolham o caminho que quiserem e sejam felizes. A minha felicidade é ver os dois felizes”, finaliza a mãe coruja.



Possui graduação em DIREITO pela Universidade Salgado de Oliveira(2007), graduação em ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS pela Faculdade de Ciências Humanas Esuda(1987) e especialização em POLÍTICAS PÚBLICAS DE SEGURANÇA pela Faculdade Integrada de Pernambuco(2009). Atualmente é DELEGADA DE POLÍCIA da POLÍCIA CIVIL DE PERNAMBUCO.







Pesquisado e encontrado no G1 e outros portal de Notícias
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