Governador de Pernambuco e candidato do PSB à reeleição foi entrevistado nesta sexta (14) pela TV Globo.
Paulo Câmara culpa crise por dificuldades na gestão, mas promete pagar 13º do Bolsa Família

O governador de Pernambuco e candidato à reeleição, Paulo Câmara, do PSB, afirmou nesta sexta-feira (14), à TV Globo, que a crise econômica foi a culpada pelas dificuldades na gestão e um fator que prejudicou a realização de ações no estado. Embora tenha abordado o problema financeiro em diversos trechos da entrevista, ele voltou a prometer o pagamento do 13º do Bolsa-Famíla. (Veja vídeo acima)

O NE1 realiza a partir desta semana uma série de entrevistas com os candidatos a governador de Pernambuco. Eles serão entrevistados pelo jornalista Márcio Bonfim.

Formado em economia e com pós-gradução na área, Câmara, de 46 anos, ressaltou que a crise afetou os serviços de saúde em Pernambuco. Segundo ele, entre 2014 e 2015, por causa dos problemas financeiros, houve maior procura na área.

"Os municípios não têm capacidade para fazer os atendimentos. Alguns estão fechando, e o SUS, que é controlado pelo governo federal, há 10 anos não aumenta o volume de recursos", justificou.

Sobre as dificuldades para fornecer remédios gratuitos aos pacientes na rede de farmácias do estado, o candidato também apontou os problemas financeiros.

"Temos que entender o papel da crise nesses processos. Nós tínhamos uma crise que não estava prevista. A crise chegou ao Brasil e a Pernambuco de maneira muito forte", disse.

O governador justificou a afirmação ao apresentar alguns números: "Tínhamos 34 mil pacientes que recebiam medicamentos e esse volume passou rapidamente para 54 mil. O volume de recursos não aumentou e nós tivemos que gastar três vezes mais que nós estávamos antes."

O candidato também relacionou o fator econômico às dificuldades de concluir obras de abastecimento, contenção de enchentes e de mobilidade. Segundo ele, a Adutora do Agreste, que vai beneficar 62 cidades, é um projeto que depende do governo federal, "que não priorizou tanto."

Ele também falou sobre as dificuldades para receber outras verbas que são de competência do governo de Michel Temer (MDB). "Esse governo que não olha para o Nordeste, que não olha para Pernambuco", declarou.

"A crise também afetou os trabalhos em corredores de transporte público", observou Câmara, ressaltando que "não é possível esperar a resolução de questões federativas." "Por isso, fizemos investimentos com recursos próprios", declarou.

Apesar de ressaltar os entraves financeiros, Paulo Câmara voltou a falar no complemento do Bolsa Família, uma promessa que vem sendo feita desde o início da campanha. "Apesar da crise, vamos pagar o 13º do Bolsa Família", ressaltou.

Durante a entrevista, o atual governador afirmou que, caso permaneça no cargo, vai dar continuade aos investimentos na área da saúde. De acordo com o candidato, a gestão atual conseguiu ampliar em 10% na produtividade nos atendimentos.

Na entrevista concedida no estúdio da TV Globo, no Recife, Paulo Câmara também afirmou que pretende construir mais 10 escolas técnicas no estado para atuar na qualificação dos estudantes pernambucanos. Ele disse que o estado tem a melhor educação pública do país.

O candidato do PSB observou que o estado avançou na proposta do bilhete único, com a maioria das viagens realizadas na capital com o bilhete A, a mais barata. Essa é uma das promessas que ele fez na campanha de 2014.

Sobre os problemas na segurança pública, Câmara voltou a afirmar que a violência aumentou em todo o país. "Tivemos que fazer um amplo processo de investimento e de planejamento no Pacto Pela Vida [programa criado pelo ex-governador Eduardo Campos]. Contratamos mais de cinco mil policiais", informou.

O candidato também citou números sobre a criminalidade em Pernambuco, que registrou mais de 5.400 assassinatos em 2017. "Já são nove meses de redução de homicídios e 12 meses de redução de roubos", apontou.

Sobre as questões políticas, Câmara explicou que não há contradição na aliança que o PSB e o PT estabeleceram no estado em favor da reeleição.

Em relação ao impeachment, ele declarou que "o partido era a favor de novas eleições para controlar a crise política pela qual o país passava." O candidato negou que os deputados da sigla tenham sido orientados a votar a favor do afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).



Crise
"É bom esclarecer que essa questão da saúde todos nós entendemos como um grande desafio. Nós tivemos uma crise muito grande no Brasil, principalmente, no final de 2014 e início de 2015. Essa crise resultou numa procura muito maior por parte das pessoas aos serviços públicos de saúde. Pernambuco teve que aumentar muito os seus serviços oferecidos à população, justamente para atender melhor. E tivemos também que ampliar a rede de serviços."

Saúde
"Nós fizemos, nos últimos três anos e oito meses do nosso governo, a maior contratação da história da saúde, justamente para atender mais, seja de médico, seja de enfermeiros, de técnicos de enfermagem. Fizemos ampliação de serviços em todas as regiões de Pernambuco, seja no Sertão do Araripe, onde nós abrimos 100, em Araripina, e uma UPA Especialidades, em Ouricuri, seja nos hospitais regionais que nós demos uma nova feição e uma nova produtividade para ele, em Afogados da Ingazeira e em Arcoverde. Nós estamos ampliando o serviço do interior para as pessoas não precisarem vir para a capital, como nós fizemos em Caruaru, quando assumimos o Hospital Mestre Vitalino, que estava apenas com 30% de sua capacidade sendo utilizada e nós passamos para 100%. Abrimos o [Hospital] São Sebastião; fizemos uma parceria com Prefeitura do Recife para abrir o primeiro hospital do município, o Hospital da Mulher; inauguramos uma UPA Especialidades no Arruda, uma UPA Especialidades em Abreu e Lima e estamos construindo o Hospital Geral do Sertão, lá em Serra Talhada, para diminuir as distâncias das pessoas que precisam se deslocar para a alta e média complexidade vão ter lá agora, em Serra Talhada, um hospital que vai funcionar, que vai diminuir as distâncias e que vai ser importante."

Produtividade
"A produtividade nos últimos três anos aumentou em 10%, seja de cirurgias, seja de exames, seja de consultas. E sabemos que tem que fazer mais. Porque a crise provocou isso: os municípios hoje não têm mais capacidade de ampliar os serviços, pelo contrário. Alguns estão fechando, e o SUS, que é controlado pelo Governo Federal, há 10 anos não aumenta o volume de recursos. Se você for olhar, nos últimos 10 anos Pernambuco gastava o mesmo volume de recursos que a União gastava 10 anos atrás. Hoje, Pernambuco gasta três vezes mais com saúde do que a União gasta, o que mostra claramente um desequilíbrio também nessa questão da saúde pública. Agora, a gente não pode esperar também que se resolva essas questões federativas."

Remédios
"Em 2014, 34 mil pernambucanos utilizavam os serviços de medicamentos e, três anos depois, isso passou para 54 mil. Foi uma procura muito grande, diante, inclusive, da crise, porque as pessoas passaram a procurar mais o serviço público. Nós temos buscado dar condições de esses medicamentos chegarem mais rápido para as pessoas que precisam. É um esforço que estamos fazendo em todo o estado, seja na prevenção, seja no cuidado para evitar que as pessoas não recebam seu medicamento. A gente sabe que tem dificuldades, mas está procurando ampliar os serviços diante dessa crise que fez a saúde aumentar o volume de procura. Temos que entender o papel da crise nesses processos. Nós tínhamos uma crise que não estava prevista. A crise chegou no Brasil e em Pernambuco de maneira muito forte. Nós, como eu falei, tínhamos 34 mil pacientes que recebiam medicamentos e esse volume passou rapidamente para 54 mil. O volume de recursos não aumentou e nós tivemos que gastar três vezes mais que nós estávamos antes."

Contratações
"Atender essas pessoas que procuravam a saúde exigia uma ampliação de serviços e nós fizemos uma ampliação de cerca de 10% dos serviços oferecidos de saúde. Contratamos seis mil profissionais. Apesar da crise, nós enfrentamos essa questão da saúde e estamos enfrentando, mesmo sabendo que tem muito o que fazer ainda, mas a população pode ter certeza que nós não vamos descansar também enquanto o atendimento não melhorar, principalmente, para aqueles que precisam, que demandam serviços públicos do estado."

Segurança pública
"Nós temos uma política, o Pacto Pela Vida, que dá o norte do que nós precisamos fazer. Em 2015, diante do aumento da violência em todo o Brasil, e que em Pernambuco não foi diferente, nós tivemos que fazer um amplo processo de investimento de planejamento dentro das diretrizes do Pacto Pela Vida. Contratamos mais de cinco mil policiais, criamos várias estruturas da segurança pública que não estavam previstas para serem feitas, mas precisavam ser feitas, como os batalhões especializados em Caruaru e Petrolina e como nove delegacias de combate ao narcotráfico, porque hoje a droga é o grande mal da questão do aumento da violência no país e aqui em Pernambuco não foi diferente. Contratamos e fizemos todas as delegacias serem ocupadas com delegados, com agentes, com escrivães."

Crimes
"Estamos fazendo um amplo processo de prender quem está fazendo mal em Pernambuco. Já foram mais de 50 operações de repressão qualificada, em 2018, e mais de 70, no ano passado. Estamos prendendo as pessoas com serviço de inteligência, sem ter confrontos, sem ter mortes, justamente para diminuir a violência em Pernambuco. E já são nove meses de redução de homicídios, já são 12 meses de redução de roubos e assaltos, e algumas regiões de Pernambuco já têm os menores índices de criminalidade de toda a história do Pacto Pela vida."

Motos
"A presença da Polícia Militar também tem um olhar em relação a fazer as devidas revistas das motos, seja na questão de estarem com os equipamentos, porque isso também uma questão de saúde pública, o aumento da procura da saúde pública de Pernambuco também tem muita relação com acidente de moto, e também ver quem é suspeito, quem está podendo utilizar aqueles equipamentos para cometer algum tipo de delito. Isso está sendo feito em todo estado, tanto é que as ocorrências estão diminuindo. Estamos fiscalizando o uso de motocicletas sim, porque a gente quer evitar tanto acidente, mas, principalmente, que ela seja utilizada como instrumento em favor do crime."

Bancos
"Nós fizemos mais de 30 prisões de quadrilhas especializadas nesse tipo de roubo. Não são quadrilhas de Pernambuco, elas atuam em vários estados. Essa questão dos explosivos nós já nos pronunciamos sobre isso. Isso é controle do Exército. Se compra muito arma e muito explosivo muito fácil pelo Brasil, e entra fácil pelas fronteiras. Esse é um fator de dificuldade. Agora nós temos muitas operações em andamento, forças-tarefas, para essa questão dos bancos que estão dando resultado. A gente teve uma diminuição expressiva, seja de explosão de caixa eletrônico e seja de assaltos a bancos em 2018. Fizemos muitas ações preventivas de prisão dessas pessoas, fizemos prisões também, posteriormente. Quando nós criamos estruturas no interior, como os dois batalhões especializados; como nós criamos o Batalhão de Operações Especiais, o Bope, aqui em Pernambuco, é um olhar também, justamente, de se antecipar a qualquer tipo de ação, principalmente contra bancos, [algo] que inferniza as cidades e traz muita intranquilidade à população."

Abastecimento
"A Adutora do Agreste está sendo concluída a primeira etapa, que engloba nove municípios. O ramal do Agreste, que é uma obra federal, o governo federal não priorizou ela, tanto é que nós tivemos que dar as saídas para o governo federal, saídas a partir da construção de uma adutora chamada Adutora do Moxotó, que tem uma vazão menor do que o ramal do Agreste, mas que vai possibilitar chegar água a nove cidades do Agreste, até São Caetano. Nós não podíamos esperar o governo federal, esse governo que não olha para o Nordeste, que não olha para Pernambuco. Nós tivemos que fazer obras com recursos próprios, como nós fizemos. Nós levamos água da Mata sul, a partir de Pirangi, para o Agreste Central, que estava colapsando por falta de água em Caruaru e toda a região. Fizemos uma obra levando água de Siriji, na Mata Norte, para o Agreste Setentrional, que também tava colapsando. Estamos fazendo duas obras que são fundamentais para a melhoria do abastecimento no Agreste, que é adutora de Serro Azul, também levando Água da Mata Sul para o Agreste Central, e a Adutora do Alto Capibaribe, trazendo água da Paraíba, através do canal da Transposição. São sete anos de seca, não estava nem no nosso programa do governo."

Enchentes
"Quando nós assumimos, em 2014, nós tínhamos cinco barragens em construção. O governo federal, tão logo nós assumimos, em 2015, cortou os recursos. Tivemos que priorizar aquela que era mais importante e era a mais cara também, que era Serro Azul, que segurava qualquer tipo de enchente em torno de 50%, em relação à tragédia que ocorreu em 2010. Nós concluímos Serro Azul, ela foi entregue, custou R$ 500 milhões, dos quais R$ 300 milhões foram recursos do governo de Pernambuco, e agora nós estamos relicitando duas que estavam em projetos, que já começaram e que agora vão ser reiniciadas, que são Panelas e Igarapeba, e vamos finalizar, a partir do próximo ano, a de Barra de Guabiraba e a de Gatos. Esse conjunto de barragens é que vai dar tranquilidade para a não ocorrência de enchentes, que ocorriam há 100 anos na Mata Sul e que só o governo Eduardo teve a capacidade de fazer os projetos, de ir atrás de recursos."

Transportes
"A crise afetou, mas nós fizemos 17 novas estações do Corredor Leste-Oeste, apenas duas faltam para ser concluídas e vão ser concluídas em breve. Do Corredor Norte-Sul faltam cinco estações, mas quatro estão funcionando de maneira provisória e servindo à comunidade de Camaragibe. O Ramal da Copa está em obras, a gente sabe que ainda tem que concluir elas, que tem que melhorar o sistema como um todo. A gente tem que qualificar o transporte público, tanto é que nós fizemos ações para dar condições a 260 mil jovens estudantes terem o Passe Livre. No Bilhete Único, avançamos. Nós temos cerca de 85% da população que usa transporte público de Pernambuco utilizando já a tarifa A, que é a menor tarifa."

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