Três alertas foram enviados ao governo.
Ministro da Segurança disse que o governo não demorou para agir.



O Governo Federal tinha sido alertado sobre as reivindicações dos caminhoneiros. Três alertas foram enviados ao governo. O primeiro em outubro do ano passado: um ofício da Associação Brasileira de Caminhoneiros ao chefe da Casa Civil, ministro Eliseu Padilha.


O documento trazia uma reivindicação: que as alíquotas do PIS, COFINS e da CIDE sobre o preço do óleo diesel fossem zeradas. Representantes da associação foram chamados para uma reunião com técnicos da Casa Civil. Sete meses depois, um novo documento foi enviado, desta vez, diretamente ao presidente Michel Temer. Nele, o tom já era de ameaça. No oficio, de 14 de maio deste ano, a associação dizia esperar que o governo levasse mais a sério as reivindicações e segue: "imagine o Brasil ficar sem transporte por uma semana ou mais?".


Em 16 de maio, cinco dias antes das paralisações, outra entidade, a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos, também se queixou ao governo. Alertou que o estado de fragilidade financeira em que se encontrava o setor era altamente inflamável, como palha seca. E disse: "buscamos o governo para que juntos encontremos soluções emergenciais e definitivas para o setor, e assim possamos evitar manifestações que podem se espalhar por todo o país, inclusive com data anunciada já para o próximo dia 21 de maio".


O ministro da Segurança disse que o governo não demorou para agir apenas avaliou que o diálogo evitaria a paralisação dos caminhoneiros. “O governo fez uma profissão de fé na negociação e atendeu 12 reivindicações dos caminhoneiros. Entretanto esse acordo que foi fechado ele não chegou a ser integralmente cumprido. A partir daí o governo então assumiu com autoridade as medidas que tinha que tomar para reverter essa situação”, diz Raul Jungmann, ministro da Segurança Pública.


O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto, disse que a greve mostrou a falta de habilidade do governo para evitar o impasse, mas que abusos e radicalismos não podem ser cometidos por nenhum dos lados: “o poder Executivo ele calculou mal as coisas. Numa época chamada de idade mídia, ele agiu como se tivesse na idade média. Ou seja, está pegando no tranco depois que o problema aconteceu, tinha que pegar no ar para evitar o problema. Isso se chama eficiência, preparo, competência. De um lado faltou isso. No outro lado é preciso que os proprietários de cargas e os transportadores das cargas também cedam nas suas reivindicações, que em alguma medida já estão sendo contempladas pelo atual governo, embora depois da crise ocorrida”.

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