Levantamento é da Comissão Nacional da Verdade; documento da CIA revela que general Ernesto Geisel sabia e autorizou execuções.
15.12px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Um documento da CIA, a agência de inteligência americana, mostra que Geisel não só sabia, mas também determinou que as execuções deviam ser autorizadas diretamente pelo então chefe do SNI, general Figueiredo, que seria depois o último presidente do período da ditadura militar.
15.12px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />“É estarrecedor porque, por mais que já se soubesse do envolvimento dos presidentes militares com a repressão, os detalhes que aparecem no documento, em que se discute com toda a tranquilidade a execução de brasileiros, de seres humanos, isso é sumamente grave”, disse Pedro Dallari, ex-coordenador da Comissão Nacional da Verdade.
15.12px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px;" />Historiadores também querem acesso a documentos aqui no Brasil.
“Eu penso, então, que esse episódio pode incentivar as Forças Armadas a superarem esse tabu, e os presidentes da República a terem a coragem política, a coragem cívica de obrigarem finalmente as Forças Armadas a abrirem esses arquivos do tempo da ditadura, que é um tempo já ultrapassado. E isso pode também, por outro lado, ajudar a sociedade brasileira a pensar melhor sobre essa conjuntura”, diz o professor de história da UFF Daniel Aarão Reis.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira (11) que o documento não afeta o prestígio das Forças Armadas:
Oitenta e nove pessoas morreram ou desapareceram do governo do general Ernesto Geisel até o fim da ditadura, de acordo com a Comissão Nacional da Verdade.
Uma cena montada para parecer que o preso deu fim à própria vida. A farsa do suicídio de Vladimir Herzog foi armada por militares que torturam o jornalista até a morte no Destacamento de Operações de Informações, em São Paulo. O crime aconteceu no dia 25 de outubro de 1975, quando o general Ernesto Geisel ocupava a Presidência da República.
O país já sabia que as execuções de presos políticos continuaram depois de 1974. Nas contas da Comissão Nacional da Verdade foram 89 mortes e desaparecimentos desde o início do governo Geisel até o fim da ditadura.
O país já sabia que as execuções de presos políticos continuaram depois de 1974. Nas contas da Comissão Nacional da Verdade foram 89 mortes e desaparecimentos desde o início do governo Geisel até o fim da ditadura.
Mas as conversas relatadas no memorando mostram que o presidente Geisel não apenas tinha conhecimento, como autorizou execuções.
O carioca Stuart Angel foi brutalmente torturado e morto por agentes da Aeronáutica em 1971. Ele tinha 25 anos.
“Nenhum país pode querer uma ditadura, nenhum país pode querer um estado de exceção porque, quando não há respeito às leis, quando a Constituição não vigora, não prevalece esses horrores ocorrem”, afirmou a Irmã de Stuart, Hildegard Angel.
“Nenhum país pode querer uma ditadura, nenhum país pode querer um estado de exceção porque, quando não há respeito às leis, quando a Constituição não vigora, não prevalece esses horrores ocorrem”, afirmou a Irmã de Stuart, Hildegard Angel.
O documento da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos relata que, numa conversa com outros generais, Ernesto Geisel foi informado sobre a execução sumária de 104 pessoas no Centro de Informações do Exército, e que ele autorizou a continuidade dos assassinatos de presos políticos em 1974.
O memorando mostra que, no dia 1º de abril, o presidente disse ao general João Baptista Figueiredo, na época chefe do Serviço Nacional de Informações, que a política deveria continuar, mas que cuidados deveriam ser tomados para garantir que apenas “subversivos perigosos” fossem executados.
O memorando mostra que, no dia 1º de abril, o presidente disse ao general João Baptista Figueiredo, na época chefe do Serviço Nacional de Informações, que a política deveria continuar, mas que cuidados deveriam ser tomados para garantir que apenas “subversivos perigosos” fossem executados.
“A estrutura da repressão no Brasil estava baseada em cadeias de comando que eram encabeçadas pelos presidentes militares. Os presidentes militares foram não só presidentes da República, mas foram chefes das Forças Armadas e chefes das estruturas da repressão”, afirmou Dallari.
“Eu penso, então, que esse episódio pode incentivar as Forças Armadas a superarem esse tabu, e os presidentes da República a terem a coragem política, a coragem cívica de obrigarem finalmente as Forças Armadas a abrirem esses arquivos do tempo da ditadura, que é um tempo já ultrapassado. E isso pode também, por outro lado, ajudar a sociedade brasileira a pensar melhor sobre essa conjuntura”, diz o professor de história da UFF Daniel Aarão Reis.
O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira (11) que o documento não afeta o prestígio das Forças Armadas:
“O prestígio das Forças Armadas, eu acredito, que permanece nos mesmos níveis em que elas se encontram até aqui por uma razão muito simples: as Forças Armadas brasileiras são um ativo democrático que o país hoje tem. Não temos acesso a documentos oficiais e isso só poderá acontecer, ou seja, através de um pronunciamento oficial quando tivermos acesso direto a esses documentos”.
O Exército informou que não vai se pronunciar sobre o assunto. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declarou que o documento da CIA traz um fato novo extremamente grave, que precisa ser investigado para que a sociedade conheça a verdade e para que os fatos obscuros do passado não se repitam jamais.
g1.globo.com/jornal-nacional
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