Segundo o artigo, a detecção a partir da urina é uma nova ferramenta para os diagnósticos, reduzindo a quantidade de resultados falsos negativos
Uma pesquisa conduzida pelo Instituto de Ciências
Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP) conseguiu detectar o vírus da
febre amarela na urina e sêmen de um paciente cerca de um mês após a contaminação.
A descoberta foi publicada na revista Emerging Infectious Diseases, do Centro
para Controle e Prevenção de Doenças, agência de proteção à saúde dos Estados
Unidos. O estudo contou ainda com a colaboração dos institutos Butantan, de
Infectologia Emílio Ribas e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
Segundo o artigo, a detecção a partir da urina é
uma nova ferramenta para os diagnósticos, reduzindo a quantidade de resultados
falsos negativos. Para o coordenador do projeto, o professor da USP Paolo
Zanotto, o método também é interessante por ser menos invasivo do que os exames
de sangue, método tradicional de diagnóstico da doença.
Logo após a publicação do estudo, segundo Zanoto, a
novidade começou a ser usada em algumas unidades de saúde de São Paulo. “Várias
unidades aqui em São Paulo já estão usando a urina para a confirmação de
infecção. É interessante porque, como você tem esse vírus na urina mais tempo,
é uma outra ferramenta muito útil”, enfatizou.
O paciente, um homem de 65 anos, esteve em Januária
(MG) em 28 de dezembro de 2016, e em uma área rural do estado de São Paulo em 3
de janeiro de 2017. No dia 6 de janeiro apresentou os primeiros sintomas de
febre amarela: febre, dores no corpo e náusea. No dia 16 de janeiro, quando ele
já estava convalescendo, depois de ter perdido 4 quilos em oito dias, os exames
de sangue deram resultado negativo para a presença do vírus. Porém, o
diagnóstico por meio da urina indicou a presença genética do vírus nessa
oportunidade e ainda no dia 27 daquele mês.
Surpresa
A nova possibilidade de diagnóstico é
surpreendente, de acordo com Zanotto, uma vez que a febre amarela tem sido alvo
de intensas pesquisas há muito tempo. “O vírus da febre amarela é estudado há
mais de 100 anos em detalhes e esse é um vaso que estava no meio da sala e a
gente nunca tinha visto”, ressaltou.
Agora, a descoberta está servindo de base, segundo
o pesquisador, para estudos mais aprofundados sobre o tema, na medida em que o
país tenta lidar com um novo surto da doença. “Vários grupos de vigilância,
mesmo grupos que estão envolvidos no atendimento a pacientes, incorporaram essa
técnica. Então, vários grupos vão tabular resultados e, daqui a pouco, a gente
começa a ver as publicações e a importância disso”, disse.
O último balanço divulgado ontem (7) pelo
Ministério da Saúde aponta para 353 casos da doença em todo o país, com 98
mortes, entre 1º de julho de 2017 e 6 de fevereiro deste ano. Até o momento,
não foi identificada transmissão da febre amarela na área urbana. Entretanto,
um caso ocorrido em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São
Paulo, está sob investigação.
Zanotto ressaltou que, apesar de não existirem
evidências de contaminação em áreas urbanas, essa é uma possibilidade que deve
ser monitorada. “O risco de um surto urbano existe, até porque ele já aconteceu
aqui antes”, alertou. Desde 1942, todos os casos de transmissão da doença
ocorreram em área de mata.
http://www.diariodepernambuco.com.br
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