| VIÚVA DE GEGÊ | Andréa Soares diz que Gegê do Mangue não estava sofrendo ameaças e não sabe se Marcola foi o mandante da execução do marido. Renata, a irmã dele, afirma que Gegê "era do bem"


Na primeira ligação com o advogado Valdir Candeo, a recusa imediata: ninguém da família nem ele poderiam falar sobre as mortes de Gegê do Mangue (Rogério Jeremias de Simone) e Paca (Fabiano Alves de Souza). Depois, Renata Rogério, a irmã, se dispôs. “Não posso deixar a imagem do meu irmão ser suja do jeito que estão sujando”. No meio da conversa, a viúva Andréa Soares Maciel, que não se pronunciaria, quis falar. “Meu marido nunca foi ameaçado”. 



Nos 13 minutos de entrevista, as duas se esquivaram de perguntas que ligasse Gegê a crimes ou algo muito específico da estadia dele no Ceará. A viúva confirmou que ele estava no Ceará, com Paca, havia seis meses. Disse ter estado com o marido até meia hora antes das mortes. Andréa diz também querer saber se foi mesmo Marcola, número 1 no PCC, o mandante das execuções. “O que sei é que foi alguém muito próximo. Se foi ele, quem foi, gostaria de saber também”.  
O POVO – Por que Gegê e Paca foram mortos?
Renata (a irmã) – Posso falar o que você quiser a respeito dele, como pessoa, como homem, como pai. A respeito dessas coisas que estão acontecendo, a morte dele foi uma surpresa pra todo mundo. Foi um choque, estamos sofrendo muito, mas não tem como nem posso te falar nada disso. 

OP – Ele não tinha falado a vocês nada de ameaça? 
Renata – Nada, nada, nada. Na última semana, estava muito bem, feliz. Não tinha problemas com ninguém. Isso eu te afirmo. 
OP – O que significava essa vinda dele para o Ceará?  
Renata – Aí não sei te informar. Se ele pretendia voltar ou não, aí não sei. 
OP – Você se encontrava com ele frequentemente? 
Renata – Eu estive com ele em dezembro. Em Fortaleza. 

OP – E do que está dito sobre ele (dos crimes cometidos), o que você sabe a respeito? 
Renata – Eu sou irmã, é lógico que vou defendê-lo, mas vou te repassar o que estou ouvindo de muitas pessoas. Estou inclusive com minha cunhada (Andréa), esposa dele, aqui do meu lado. No Facebook, há milhares de pessoas falando bem dele. Era uma pessoa super do bem. O que ele fazia era independente disso que tô te falando. Era ótima pessoa. Ajudava milhões de pessoas, era muito bom.  
OP – Há quanto tempo ele estava no Ceará? 
Renata – (Faz a pergunta para Andréa, mulher de Gegê) Seis meses.
OP – O Paca também estava aqui nesse período? 
Renata – Sim. 
OP – Em fevereiro de 2017, quando o Gegê foi libertado em São Paulo poucos dias antes do julgamento, vocês da família foram à Justiça pedir proteção. Por quê?
Renata – Ele saiu limpo (da penitenciária de Presidente Venceslau-SP). Logo depois ficou com um pedido de mandado. Ficou muita pressão de polícia em cima da gente, seguindo. Achavam que a gente estaria com ele e não estávamos. 

OP – Vocês receberam ameaças, extorsões? 
Renata – Não. Ameaça não recebi. A gente saía na porta do prédio, tinha polícia. Não tinha paz, sossego. Extorsão, isso nunca. A gente pediu proteção por quê? Vou ser sincera. A gente vive num mundo muito sujo. Nosso medo naquele momento, como ele era um dos caras mais pedidos (para ser preso), era que pegassem a gente e fizessem a gente dar conta dele. Era nosso medo.
OP – Desde que foi solto, ele contou se havia sofrido ameaça de morte? Alguém estava querendo matá-lo? 
Renata – Nunca, nunca. (Dirige a fala para a mulher de Gegê) Está perguntando se, nesse período que esteve na rua, o Gegê sofreu algum tipo de ameaça. Nunca (enfatiza). Você acha que se ele soubesse de algum tipo de ameaça... A minha cunhada quer falar. Ela estava com ele um tempo maior ultimamente. 
OP – Olá, Andréa. 
Andréa (a viúva) – É que você perguntou disso aí, já fiquei mais agitada. O que posso falar é que meu marido nunca foi ameaçado. Era um homem querido. Não é só família que está chorando, é muita gente. 

OP – Ele tinha feito recomendações a vocês? 
Andréa – Nada. Não tinha noção que iria ser traído. 
OP – O que teria sido a motivação das mortes? 
Andréa – Acredito que deva ser traição de alguém muito próximo, senão não teria chegado até ele. Porque ninguém sabia onde ele estava. E ele confiava. 
OP – Quem estava com ele no dia das mortes? 
Andréa – Eu estava com ele até meia hora antes. 
OP – Você estava na casa? Não havia embarcado num ônibus para São Paulo? 
Andréa – Ele deixou a gente no ônibus para vir embora para São Paulo e ele foi para o helicóptero, para ir até onde iria (Bolívia, segundo a investigação). Falei com ele até a hora que o helicóptero decolou. Ele me mandou uma foto lá do alto. Em seguida perdi o contato. 

OP – Você soube quem estava no helicóptero, além dele e do Paca? 
Andréa – Não sei, mas foi quem levou ele pra morte. 
OP – Vocês têm medo?  
Andréa – A gente está na mão de Deus, porque a precaução é normal do dia a dia.  
OP – A investigação está apontando que a ordem para matá-lo teria partido do Marcola. Você acha que foi isso que aconteceu? 
Andréa – Não posso te dizer porque a questão é muito maior. Não posso dizer porque não tenho noção disso daí. O que sei é que foi alguém muito próximo. Se foi ele, quem foi, gostaria de saber também. A Polícia tem competência suficiente pra resolver isso.
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