Funcionária da escola que convenceu adolescente a cessar
fogo contra alunos disse não ter sentido medo de intervir em ataque
coordenadora do Ensino Fundamental do Colégio Goyases,
Simone Maulaz, afirmou que não teve medo ao ficar cara a cara com o adolescente
de 14 anos que abriu fogo contra os colegas de classe na manhã da última
sexta-feira (20/10), deixando dois alunos mortos e outros quatro feridos.
Simone convenceu o estudante a travar a arma e se entregar aos policiais. Em
entrevista exclusiva exibida pelo programa Fantástico, na noite deste domingo
(22), a coordenadora foi enfática: “Tinha certeza que iria conseguir fazer com
que o aluno me escutasse”.
Simone relatou que estava na biblioteca da escola quando
ouviu o primeiro tiro, disparado por volta das 11h50. “As crianças estavam
correndo e descendo as escadas, dizendo que um aluno estava louco e atirando em
todo mundo”, lembra. Ao entrar na sala do 8º ano, onde se deu o ataque, a
coordenadora se deparou com a estudante Marcela Aragão, 13 anos, já ferida.
Ela [a Marcela] já estava ferida. Tirei ela da mira dele,
entreguei ela para uma professora e pedi que ligassem para a polícia"
Simone Maulaz, coordenadora do Colégio Goyases
Dentro da classe, encontrou outros três alunos alvejados:
João Pedro Calembo, 14; João Vitor Gomes, 13, e Isadora de Morais, 14.
Atingidos na cabeça, João Pedro e João Vitor morreram na hora. Isadora segue
internada em estado grave no Hospital de Urgência e Emergência de Goiânia
(Hugo). Nesse momento, só havia na sala o atirador, os alunos feridos e a
coordenadora.
Me aproximei, não tive medo e falei: ‘O que houve? Tudo
bem?’"
Simone Maulaz, coordenadora do Colégio Goyases
Ao ser abordado pela funcionária da escola, o adolescente
deu um tiro para trás, em direção à parede. “Eu falei: ‘Fica calmo, entrega a
arma para mim’. Ele respondeu: ‘Quero que chame o meu pai'”, lembra Simone.
Alterado, segundo a coordenadora, o estudante deixou a sala de aula em direção
à porta.
No corredor do colégio, a educadora relata que teve receio
de que o atirador pudesse entrar em outras salas de aula, ainda ocupadas por
alunos. Nesse momento, a coordenadora se colocou na frente do adolescente e
pediu que ele entregasse a arma.
Nessa hora, a arma ficou apontada para o meu abdômen. Com a
mão esquerda, fui a empurrando devagar para o rumo da parede, que era uma sala
que estava vazia, sem alunos. Consegui segurar a mão dele com as duas mãos e
falei: ‘Fica calmo, tudo vai ser resolvido’"
Simone Maulaz, coordenadora do Colégio Goyases
Nos minutos seguintes, Simone conseguiu direcionar o aluno
para a biblioteca da escola, que também estava vazia. Ainda de posse da arma, o
adolescente seguiu de mãos dadas com a coordenadora. O estudante travou a arma
e continuou segurando a mão da funcionária até a entrada dos policiais, que
ordenaram ao jovem para largar a arma e deitar no chão.
Segundo Simone, os pais do atirador nunca relataram
episódios de bullying sofridos pelo adolescente. Do ataque, ela, que afirma
sentir “muita falta” dos alunos falecidos e internados no hospital, relata sair
fortalecida. “Não nesse momento, mas isso vai me fortalecer ainda mais”,
completa.
metropoles.com
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