A Coreia do Norte anunciou a realização bem-sucedida de um
teste nuclear com uma bomba que poderia ser transportada por um míssil de longo
alcance.
Horas depois de sismógrafos terem detectado um tremor no
território do país asiático, suas autoridades emitiram um comunicado informando
que o sexto teste nuclear de sua história fora um "perfeito sucesso".
Segundo Pyongyang, a arma testada foi uma bomba
termonuclear, cujo potencial destrutivo é muito maior que o de bombas atômicas.
Para analistas internacionais, é um sinal claro de que a
capacidade nuclerar norte-coreana está avançando, ainda que as afirmações do
governo sobre sua disponibilidade para uso devam ser tratada com precaução.
O último teste realizado pela Coreia do Norte foi em
setembro do ano passado, mais uma vez em desafio a resoluções da ONU. Nos
últimos meses, o país disse ter desenvolvido mísseis capazes de atingir o
território dos EUA e, na semana passada, disparou um foguete que voou sobre o
Japão.
Autoridades da Coreia do Sul disseram que o teste foi
realizado no campo de Punggye-ri e que o "terremoto artificial"
gerado pela explosão foi quase 10 vezes mais poderoso que o detectado no teste
de setembro.
Horas antes, Pyongyang anunciara ter desenvolvido uma bomba
de hidrogênio miniatura para ser usada em mísseis. O líder do país comunista,
Kim Jong-un, apareceu em fotografias ao lado do que a mídia estatal disse ser
um novo tipo de artefato nuclear.
O regime isolacionista norte-coreano já fez afirmações do
gênero antes, mas especialistas em armamentos nucleares questionaram a
veracidade dos comentários. Há ainda quem duvide da capacidade do país para
desenvolver uma bomba de hidrogênio, cujo processo é muito mais complicado que
o de um bomba atômica.
O que parece clara é a disposição de Pyongyang de mostrar
seu poderio militar.
Teste balístico da Coreia do Norte em abrilDireito de
imagem REUTERS
Image caption
País realizou uma série de testes com míssies nos últimos
meses
"A assinatura sísmica desta bomba tem magnitude maior
que a de outros testes. De acordo com as informações que temos, não é
definitivo que uma bomba termonuclear tenha sido testada, mas é uma
possibilidade", disse à BBC Catherine Dill, especialista do Centro James
Martin para Estudos de Não-Proliferação, em Washington.
A mensagem que a Coreia do Norte quis passar com seu mais
sério teste de míssil até agora
Bombas de hidrogênio usam um processo de fusão nuclear, em
que átomos são aglutinados para liberar incríveis quantidade de energia -
maiores que as de bombas atômicas, baseadas no processo de fissão nuclear, em
que os núcleos de átomos são "partidos".
Reações
O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, pediu a resposta
"mais forte possível" para o teste nuclear, incluindo mais sanções do
Conselho de Segurança da ONU. A China, o maior aliado da Coreia do Norte,
condenou o teste.
"A Coreia do Norte ignorou a oposição da comunidade
internacional ao fazer um novo teste nuclear. O governo chinês expressa sua
condenação veemente", disse Pequim, por meio de um comunicado do
Ministério das Relações Exteriores.
Apresentadora da TV estatal coreanaDireito de imagemAFP
Image caption
Teste foi anunciado pela TV estatal
A Agência Internacional de Energia Nuclear classificou o
teste como "um ato lamentável".
Como responder?
O especialista em assuntos de defesa da BBC, Jonathan
Marcus, explica o quão complexa é a situação:
"Apesar de todas as sanções e as ameaças do governo
americano, a Coreia do Norte não vai parar seu programa nuclear. Mais
preocupante ainda é que o programa parece estar progredindo mais rápido do que
muitos esperavam. Até agora, todos os esforços para pressionar a Coreia do
Norte falharam".
Os detalhes de mísseis 'secretos' que a Coreia do Norte
revelou 'acidentalmente' em foto
Mais sanções poderiam aumentar a pressão sobre o regime,
mais ao mesmo tempo desestabilizar o país, algo a que a China - não apenas o
maior aliado de Pyongyang, mas seu vizinho - se opõe.
Fonte: http://www.bbc.com
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