Consultoria realizou pesquisa com 277 empresas e constatou principal barreira na contratação (Foto: Eric Audras/AFP)
Encontrar profissionais com currículos e competências que
agradam o contratante já não é a maior dificuldade das empresas. Segundo
pesquisa da Lee Hecht Harrison (LHH), consultoria multinacional especializada
em transição de carreira e desenvolvimento profissional com sede em Campinas
(SP), diretores de recursos humanos elegeram a adequação cultural do candidato
como o grande desafio na hora de contratar.
“Hoje essa adequação já é mais importante [que o currículo].
Não adianta você só ter um bom currículo e não mostrar que você é a pessoa que
faz todo sentido para aquela organização”, explica a diretora-executiva da Lee
Hecht Harrison, Mônica Ramos.
Segundo a diretora, os processos seletivos passaram a visar
mais os valores do candidato e se eles estão de acordo com o comportamento da
organização. “É uma qualidade sutil, que é difícil de identificar e avaliar,
porque isso é muito inerente ao indivíduo” aponta.
Coforme a pesquisa, que contou com a avaliação de 277
diretores de empresas de médio e grande porte das Américas do Norte e Latina,
Europa e Ásia-Pacífico, nos próximos três anos, encontrar profissionais com
capacidade de se adequar aos valores da empresa será mais desafiador do que
achar candidatos com boas competências e a velocidade para descobrir essas
pessoas.
“Quando a gente fala de competência técnica, você consegue
facilmente formar, preparar a pessoa. Quando você está falando da questão de
adequação cultural, de comportamentos, valores que a pessoa tem, isso já é da
natureza do profissional. É difícil você mudar o jeito da pessoa”, explica
Mônica.
'Máscara cai'
Para a diretora-executiva, em uma entrevista, o candidato
não pode fingir comportamentos que não possui, pois uma contratação equivocada
pode significar um desligamento precoce, o que seria prejudicial para o
seguimento da carreira do profissional.
“Você não consegue fingir ser uma pessoa que você não é,
ainda mais no dia a dia, trabalhando oito, nove horas por dia. Você tem que ser
o mais autêntico e sincero possível [...] Senão, depois de dois ou três meses,
a máscara cai”, afirma a diretora da LHH.
Mônica conta ainda que uma das dicas para evitar más
decisões é pesquisar o máximo possível sobre a empresa antes de uma entrevista,
para assim descobrir se ela se encaixa com o perfil que o candidato busca.
“Quando as pessoas estão dentro da organização, elas falam
que se decepcionam, mas não é que elas se decepcionam, a organização tem um
jeito de ser e de lidar. Talvez ela não tenha feito essa pesquisa de forma
adequada, não tenha feito perguntas no processo seletivo, e ela acabou não
identificando como que era a cultura dessa organização”, explica.
Empresas devem intensificar busca por candidatos através de triagens online (Foto: Reprodução EPTV)
Interação online
A pesquisa aponta ainda que 98,2% dos entrevistados
consideram as redes sociais como ferramenta importante no processo de seleção,
e que cada vez mais os contratantes buscarão candidatos pela internet.
Segundo Mônica, no universo online, as empresas observam
características sobre o relacionamento interpessoal do candidato e como ele
lida com "problemas".
"Como se expõem, como articula ideias, como se
posiciona. Se é uma pessoa que questiona ou que está colocando o seu ponto de
vista, se está antenado com o que está acontecendo no ambiente de
negócios", explica.
Empresas devem intensificar busca por candidatos através de
triagens online (Foto: Reprodução EPTV) Empresas devem intensificar busca por
candidatos através de triagens online (Foto: Reprodução EPTV)
Empresas devem intensificar busca por candidatos através de
triagens online (Foto: Reprodução EPTV)
Mas quem não possui redes sociais não precisa se preocupar.
Segundo a especialista, a menos que para a atividade a ser exercida algo seja
requisitado, é necessário apenas demonstrar que se sabe o que está acontecendo
em relação às tecnologias e atualidades.
E o principal, para ela, é que as fases de triagem costumam
ser online, mas a interação pessoal ainda é uma das etapas mais importantes em
um processo seletivo.
"E às vezes ele [candidato] não dá tanta atenção à
interação pessoal, não se prepara como poderia", explica Mônica, que diz
que este é o momento em que as empresas vão buscar informações sobre a
capacidade de adequação dos concorrentes.
“Hoje a maior dificuldade das empresas é achar pessoas que
têm essa aderência à cultura da organização. [...] Quando você estuda sobre a
empresa, e mostra que você tem muita aderência aos valores, à missão, ao
propósito da organização, isso conta pontos em um processo seletivo”, finaliza.
* Sob a supervisão de Patrícia Teixeira
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Fonte: http://g1.globo.com/sp/campinas-regiao
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